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sábado, 24 de setembro de 2011

O PODER POÉTICO



Um poeta não sente a dor
 comum dos vivos.
Nem derrama lágrimas
          com os olhos físicos.
Seu coração não pulsa
         em batidas contadas.
Nem sua consciência julga
         conduta desregrada.

O poeta sim, sangra na alma
pelo que lhe fere na carne.
Soluça mil vezes o último suspiro
sem nunca ter morrido.
Reserva para si, o dom de dar vida
a reles paisagem morta.
Cura a angústia, adorna a tristeza
         de frágil coração sofrido.

Pode tocar a pele feia, áspera, enrugada
e senti-la bela, macia, delicada...

Converte a mais bravia tempestade
num lindo dia, ensolarado.
Captura a solidão, abraça a saudade.
Igual criança, sonha acordado.

Anda no passado, prevê o futuro.
Desfila suas fantasias na noite nua.
Se vê pelo lado de fora do mundo.
Emudece trovões, namora a lua.

Revela candura na dura existência.
Constrói sonhos nobres para a sorte.
Um poeta pode até parar o tempo.
Voar sem ter asas, matar a morte.

O poeta pode tocar nas estrelas.
Fazer chover, sentir prazer na dor.
Voltar ao paraíso e falar com Deus.
Um poeta só não pode iludir o amor.

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