BLOG O PLEBEU
Nos primórdios do Império foram distribuídos e
vendidos muitos títulos honoríficos aos apadrinhados e amigos do Rei. (Hoje não
mudou nada, apenas que, em vez de títulos, eles negociam cargos).
Nasceram então muitos Condes, Barões, Condessas, Duques,
Imperatrizes, Viscondes, Marquesas... quiçá Rainhas e Princesas, que, em todas
as festas, tinham seus imensos e majestosos nomes, pomposamente proclamados
pelos salões da realeza, em alto e bom som.
Os súditos cansaram de ouvir e ainda serem obrigados a
repetirem esses cognomes nobiliárquicos, cujos donatários garbosos os olhavam
das alturas.
Após a queda do Império, essa classe burguesa experimentou
a bancarrota, houve até um minuto de silêncio, pois tais títulos não passavam
de um pedaço de papel, sem valor, pendurado num quadro na parede da casa.
Então, os mais humildes, deixaram de ter tal obrigação linguística
de tratamento, e como eram acostumados a trazer a tiracolo um ou mais cachorros
magros, para não perderem o costume, começaram a fazer pilhéria.
Quando perguntado qual era o nome do cachorro, o
maltrapilho dizia com orgulho:
- Duque.
Assim, quando a vaca paria uma fêmea, o primeiro nome
que vinha na mente era: Princesa.
Rapidamente proliferaram equinos, caprinos, suínos, ovinos e
bovinos, batizados com os graciosos títulos da falida realeza. Alguns touros e corcéis chegaram ao posto de: Imperador.
Mesmo depois de muitos anos passados, vários
ditos-cujos, vestidos de empáfia, que, por possuírem gorda fortuna herdada da
antiga mordomia, ainda insistiam em manter a pose, e faziam questão de serem
chamados de: “Doutor”.
Pra quê...! Não demorou um canto de galo e o penico mudou de nome.