Tive a grata satisfação de, nesse
último feriadão, conversar com um senhor, cidadão itapemirinense, que sempre conta
causos ocorridos em seu bucólico município. Esse é um dos mais antigos, pois
remonta à sua juventude.
Contou-me esse senhor
que, certa feita, eles saíram em turma de cinco, para irem ao baile na casa de Dona Fulana. Como chovera na véspera, a
estrada, em alguns trechos, poderia ser comparada a um brejo, estava muito ruim.
Mas, naquela época, baile era coisa que
não se dispensava – garantia ele. Então eles tiraram as botinas, arregaçaram
as pernas da calça, cada um arranjou um pano velho para se limpar na chegada e
lá foram amassando a lama. Só que tinha um, entre eles, que estava com a perna
machucada, uma ferida pustulenta e aberta na altura da canela, o coitado reclamava
da dor que a lama provocava.
Pensaram que perto da casa encontrariam uma poça de água limpa para se lavarem, mas não encontraram
nenhuma. Então eles tiveram a ideia de chegar por detrás da casa e lavar as
pernas na cacimba, ainda impuseram uma condição ao amigo que estava com o
ferimento aberto: ele seria o último a se limpar. Ninguém ia enfiar os pés em
água suja de sangue e pus.
Arrumaram-se todos e apresentaram-se,
sorridentes, na varanda. Foram recebidos com muita alegria pela Dona Fulana que recomendou se servirem
de uma broa quentinha, pois acabara de sair do forno, e que era só aguardarem
uns minutinhos que ela ia pegar água na cacimba para preparar o café.
Os cinco entreolharam-se
numa interrogação de nojo. Este senhor que me narrava o causo declarou que se antecipou
à dona do baile e disse:
- Dona Fulana, a broa a gente vai aceitar de muito bom grado, mas o cafezinho a gente vai dispensar.
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