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segunda-feira, 19 de março de 2012

A CRENÇA NA FALSA FÉ


A fé se mostra ao mundo de várias maneiras.
Numa vez ela é benigna, casta e conselheira.
Noutras, nasce maldosa, impura, trapaceira.
Leva o devoto, atordoado, a impor barreiras,
Como objeto vendido, por facção interesseira,
Que jura seriedade, mas se verterá galhofeira.
Patenteia os segredos do mundo numa utopia.
Procura antever o que Deus reserva à sua cria.

A fé de alguns se resume em pedras coloridas,
Ou se apegam às cartas de desenhos obscuros.
Ainda há os que creem nas conchas atrevidas,
Desenvolvem alucinações em macabros rituais
Ou ditam o seu destino por números imaturos.
Tem até os que invocam poderes sobrenaturais,
Gritam aos céus, dissimulados, em pose trágica,
Num cenário fabricado, de estranheza e mágica.

Crédulos anseiam desvendar o sofrido passado,
Num engodo astucioso de bordão memorizado.
Outros arriscam prever, lindo futuro abastado.
Porém, não atentam para o presente ameaçado.
Enfim, todos burlam, rasgam o manto sagrado.
Alguns enganam; outros estão sendo enganados.
Pobres seres que rastejam no mundo da ilusão!
Somos nós os operários do Chefe da Evolução.

Mostram-se fortes adivinhos, acima da razão.
Pobres mortais iludidos, vis servos infernais.
Prostram-se por terra diante de rei afigurado.
Porém, Deus é onipresente em cada coração.
Aparece sobre as nuvens, surge nos canaviais,
Atravessa paredes, cura as feridas do pecado.
Aquele que tudo vê, está sentado ali, radiante.
Arrebanha em seu Reino, as ovelhas, confiante.

A crença na falsa fé, o fraco espírito envolve.
Ensina caminhos de sonhos, fartura e beleza.
Impossíveis milagres de encantamento realiza.
Porém, todo engodo, num relâmpago se dissolve,
Porque mais valioso que toda a glória e riqueza,
É o simples e puro sorriso que a tudo ameniza.
E na volta mansa do Universo, o céu se renova,
Um novo sol brilha... iluminando a fria alcova.

Contudo, Deus é Pai piedoso e vos preserva.
Ereto à vossa frente, vos contempla e estima.
Vossa estampa de filho O comove e abençoa.
És pecador submisso do mal que Ele observa,
Como cordeiro imolado que Dele se aproxima.
O Todo-Poderoso alarga seus braços e perdoa.
Pois a morte na falsa fé, não invalida a crença.
Não carece de Deus, repreensão nem sentença.

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