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sexta-feira, 8 de abril de 2011

FILHO SEM MÃE

Num certo celeiro, ocorre um apólogo entre os objetos... uma discussão calorosa sobre a responsabilidade na educação dos filhos, que crescem, inconsequentes, e pensam pelos calcanhares.

O pai não pode ser taxado de culpado, pois trabalha o dia todo fora – argumentava o Machado, defendendo seu lambari que ainda nem fora pescado.

– Muito menos a mãe, que limpa a casa, lava, passa e cozinha, não tem olhos para ninguém – defendia-se a Vassoura, levantando poeira e abrindo a roda.

– Mas filho criado sem pai nem mãe é um perigo! – avisa a Foice, ceifando, afiada, a touceira.

– Os pais têm orgulho dos filhos... só que a maioria não dispõe de tempo para conviver com eles, alguns nem os veem crescer... outros perdem-se pelas ruas, morrem antes mesmo de conhecerem a vida – lamenta-se o senhor Serrote, suado, ao terminar uma tora dura.

– Eu não quero saber quem é o culpado... Todo filho tem pai e mãe... que antes de gerá-lo devem avaliar como irão educá-lo – repreende a professora Enxada capinando rasteira.

– Engana-se, professora Enxada – atreve-se a Foice apoiando-se no chão –, nem todo filho tem pai e mãe.

– Como não, dona Foice?!!... Quem foi que nasceu da bosta de um jumento? – indaga inconformada a professora Enxada.

– O diabo – cascou seca a Foice, roçando o vento com raiva.

– Cruz em Credo! – exclamam três, quatro... cinco numa sequência esconjuratória.

– Então me digam... – cruza os braços a Foice brejeira. – Quem é o pai ou a mãe “dele”, hein!?... Alguém conhece? Já ouviu falar? Sabe onde mora? É branca? É negra? Gorda, magra, alta, baixa?... Quem sabe me responda? – desafiou.

Como todos se calaram, a Foice saiu irritada, cortando mato sem precisão.

– Aaaaah!!... Deixa a Foice para lá. Ninguém está interessado em descobrir quem é a mãe do diabo – rechaça o Rastelo.

Porém a professora Enxada aconselha:

– Precisamos mudar o rumo das coisas antes que elas aconteçam. Orientar nossos filhos para que não se transformem em... diabinhos.

– Mudar o rumo das coisas?... Acho providencial – filosofou o senhor Serrote, que convocou a Madame Trena e o Doutor Metro, e saíram para adequarem as medidas cabíveis.

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